8 de Março
Dia Internacional da Mulher
Um breve relato sobre duas mulheres que se inscrevem na
história da conquista dos direitos da Mulher.
No
Brasil, o Século XX redesenhou o papel da mulher na sociedade, configurando a
conquista de seus direitos políticos, civis e sociais, progressivamente
trazendo a diferentes espaços a ampliação e o aprofundamento das discussões
sobre a questão de gênero e a consolidação dessa conquista, acompanhando o
movimento que ocorreu em muitas outras
nações, com o apoio da UNESCO, de organizações não governamentais e da
sociedade civil.
Embora possamos considerar todos os impactos de tais
conquistas num século que nos desafiou com as questões de ordem política,
econômica e social, questões que conduziram Eric Hobsbawm e Tony Judt, entre
outros intelectuais, a produzir um extensa obra de análise do cenário que se
apresentou e permitiram ao primeiro denominá-lo, de certa forma, como a “era
dos extremos” em suas primeiras décadas, vamos nos deter no direito de
participação política e nas figuras de Emmeline Pankhurst e Bertha Lutz, a
primeira nascida na Inglaterra, em 1858, e a segunda, brasileira, nascida em
1894.
Emmeline, a primeira, tinha o perfil de uma
mulher inglesa vitoriana e a segunda o de uma zoóloga formada na Sorbonne, que,
ao regressar ao Brasil, desencadeou a primeira campanha pelo voto feminino.
A luta de Emmeline, liderando as campanhas das
chamadas sufragistas, agitou a Grã Bretanha no período de 1905/1914. Muitas vezes,
a militante foi alvo da repressão policial, de sentenças de prisão proferidas
pelas cortes de justiça e, por vezes, da violência das multidões contrárias aos
seus princípios de sufrágio universal. Sua biografia registra, por exemplo, sua
prisão por doze vezes em 1912.
Em 1903, Emmeline, com suas filhas, fundou a
União Social e Política das Mulheres- W.S.P.U, inspirada nos ideais de
liberdade e de cidadania da Revolução Francesa, desenvolvendo uma militância
ativa, buscando uma sociedade em que fossem varridos os limites de gênero,
tendo como suporte a confiança que demonstrava na reforma política.
Em 1918, concretizou-se sua primeira vitória,
quando mulheres acima de trinta anos exerceram o direito de voto na Grã
Bretanha, idade que em 1928 passou a ser de vinte e um anos. Sua luta teve
repercussão além das fronteiras de seu país e, em 1920, as mulheres dos Estados
Unidos da América alcançaram seu direito ao voto.
No Brasil, a primeira campanha pelo voto
feminino foi liderada por Bertha Lutz, que enfrentou reações bem semelhantes às
que ocorreram na Grã Bretanha. Preconceito, intolerância e resistência ao novo
modelo de uma sociedade em que ocorreria o empoderamento das mulheres. Mas, em
1932 as mulheres brasileiras adquiriram o direito de ir às urnas.
Hoje, temos universalizado para todos os brasileiros o
direito ao voto a partir dos dezesseis anos e já naturalizamos o comportamento
de ir às urnas. Mas, neste dia 8 de março não nos custa homenagear esse dois
vultos femininos que lideraram em seus países a caminhada para essa conquista:
Bertha Lutz e Emmeline Pankhurst.
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